Fonte: Digital Trix Comunicação
Um estudo recente, publicado na Nature Mental Health, trouxe à tona uma questão fundamental: o que comemos pode influenciar diretamente o funcionamento do nosso cérebro. Pesquisadores analisaram os padrões alimentares de mais de 180 adultos no Reino Unido e compararam diferentes tipos de dietas, incluindo opções com baixo teor de amido, vegetarianas, ricas em proteínas e equilibradas. Os resultados revelaram que as menos restritivas e com maior diversidade de nutrientes foram as que mais contribuíram para uma melhor saúde mental e cognitiva, reforçando a importância de uma alimentação balanceada para o bem-estar cerebral.
Uma conexão importante entre essas descobertas científicas e o cotidiano está no papel dos nutrientes na manutenção da saúde cerebral. Para Brian Sumner, nutricionista na clínica Atma Soma, o cérebro necessita de uma ampla variedade de nutrientes para funcionar corretamente.
“Eles desempenham papéis cruciais na comunicação entre os neurônios, especialmente por meio de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina, que estão diretamente associados ao humor e ao bem-estar. Quando fornecemos ao corpo uma alimentação rica e diversificada, estamos contribuindo diretamente para a melhora dessas funções”, explica.
O especialista também ressalta que uma alimentação equilibrada impacta diretamente o bem-estar emocional. “Dietas balanceadas ajudam na prevenção e recuperação de transtornos mentais como ansiedade e depressão. Elas não só otimizam as funções cerebrais, mas também afetam aspectos importantes como memória, disposição e o controle das emoções, elementos essenciais para a qualidade de vida.”
Os impactos
A pesquisa realizada no Reino Unido destacou que mais da metade dos participantes apresentavam uma dieta classificada como “equilibrada”, o que foi associado a melhores resultados cognitivos e de saúde mental. Em contraste, aqueles que aderiram a uma dieta com maior consumo de proteínas e menor ingestão de fibras demonstraram menor volume de massa cinzenta em áreas específicas do cérebro, como o giro pós-central, envolvido na coordenação motora.
Outro dado relevante é o risco aumentado de transtornos mentais em indivíduos que restringiram drasticamente carboidratos e proteínas, optando por dietas ricas em vegetais e frutas. Já os adeptos de uma dieta vegetariana apresentaram maiores volumes de massa cinzenta no tálamo e no pré-cúneo, áreas que desempenham papéis fundamentais no processamento de informações sensoriais.
Além disso, pesquisadores brasileiros e portugueses se uniram para investigar as motivações por trás da adoção de dietas extremamente restritivas. O estudo, publicado no Perceptual and Motor Skills, identificou razões como controle de peso, busca por produtos naturais e influência no humor.
Para Sumner, essas dietas podem acarretar prejuízos emocionais e comportamentais. “Uma alimentação com muitas restrições tendem a desencadear comportamentos obsessivos, como a compulsão alimentar. Além disso, a falta de nutrientes essenciais pode gerar quadros de irritabilidade, ansiedade e dificuldades no convívio social”, afirma.
Alimentação e Alzheimer
No projeto Cérebro em Ação, desenvolvido pelo Instituto Rascovski com o intuito de destacar a importância da prevenção e conscientização sobre o impacto do estilo de vida na saúde cerebral, alguns dos fatores que podem aumentar a incidência da doença de Alzheimer estão ligados à alimentação – como obesidade e diabetes.
“É importante conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com alguns pontos importantes como atividade física, alimentação, consumo de álcool, poluição e doenças como depressão, que podem influenciar no desenvolvimento da doença. Se esses cuidados forem colocados em prática é possível reverter 40% dos casos de demência no mundo e 48% no Brasil”, explica a médica endocrinologista Alessandra Rascovski, presidente do Instituto e diretora médica da clínica Atma Soma.
A incidência da doença de Alzheimer – um dos tipos mais comuns de demência que, em geral, acomete idosos com mais de 65 anos – está aumentando, atingindo inclusive pessoas mais jovens. De acordo com dados do estudo americano Global prevalence of young-onset dementia: A systematic review and meta-analysis, mais de 3,9 milhões de pessoas em todo o mundo com idades entre 30 e 64 anos convivem com a doença de início precoce.
Em um cenário geral, segundo informações da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo e a estimativa é chegar a 150 milhões em 2025. No Brasil, mais de 1,76 milhão de brasileiros com mais de 60 anos convivem com o Alzheimer, com a previsão de chegar até 5,5 milhões em 2050 – dados da Organização Pan-americana de Saúde (Opas).
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